Um livro e um café: a combinação perfeita.

Francisco de Quevedo

09/08/2014 18:26

Extrato da vida agitada, movimentada e turbulenta deste ilustre e satírico poeta espanhol. Misantropo e misógino, representante do "Conceptismo", manteve uma rivalidade pessoal e literária de por vida com Luis Góngora, um outro grande poeta do Barroco.

 

Francisco de Quevedo (Madrid, 1580 - Villanueva de los Infantes, 1645) 

 

BIOGRAFIA

   Francisco Gómez de Quevedo Villegas e Santíbañez Cevallos nasceu em Madrid, em 14 setembro de 1580, ele foi o terceiro dos cinco filhos de Pedro Gómez de Quevedo e Maria de Santíbañez. Seus pais desempenhavam altos cargos na Corte, de modo que desde sua infância, ele esteve em contato com a atmosfera política e cortês. Ele perdeu o pai aos seis anos de idade. 

   Formou-se no Colegio Imperial dos Jesuítas, em Madrid, onde estudou Gramática, Retórica e Humanas.

   Entre 1594 e 1595, se mudou para a Universidade de Alcalá, onde se matriculou em 1596 na Faculdade de Letras e Filosofia. Lá, estudou Dialética, Física, Lógica, Filosofia, etc, até o ano 1600 quando recebe um diploma de Bacharel e obtém a Graduação. Nesse mesmo ano se matriculou no curso de Teologia, embora não haja evidências de que esses estudos foram concluidos. Aprofundou no estudo de línguas clássicas, além de árabe, hebraico, francês, italiano e português.

   Em 1601 foi viver em Valladolid onde ganhou sua reputação como grande poeta. Nesta época sua mãe morreu e se iniciou a rivalidade interminável com Góngora, provavelmente por causa de ciúme profissional entre duas das melhores mentes da época. Durante o ano de 1603, Quevedo entregou-se a um intenso labor literário, produzindo várias de suas obras mais importantes e desenvolveu o seu interesse pelas questões filológicas e filosóficas, e por Sêneca e os estóicos.

   Em 1606 mudou-se para Madrid, onde continuou seus estudos teológicos e começou sua relação com o Duque de Osuna, a quem dedicou suas traduções de Anacreonte.

   Em 1613 Quevedo acompanhou o Duque para a Sicília como Secretário de Estado, e participou de missões encobertas e intrigas diplomáticas perigosas entre as repúblicas italianas. De volta à Espanha, em 1618, recebeu o hábito de Cavaleiro da Ordem de Santiago. Deposto o Duque de Osuna, Quevedo foi preso por ser um de seus homens de confiança e foi condenado ao exílio na Torre de Juan Abad (Ciudad Real) propriedade dele. Tempo depois foi perdoado com a chegada do novo rei Filipe IV e da ascensão ao poder do Conde-Duque de Olivares, que se tornou seu protetor e o honrou com o título honorário de Secretário Real. No entanto, Quevedo voltou a colocar em risco o seu status político por manter a sua oposição à eleição de Santa Teresa como santa padroeira da Espanha em favor de Santiago, apesar das recomendações do Conde-Duque de Olivares, de não se manifestar, o que lhe valeu, em 1628, uma nova expulsão, desta vez no convento de San Marcos de León. Mas logo voltou à Corte para continuar a sua atividade política. Apesar de ser  amancebado desde 1620 com Floris, conhecida como "A Ledesma", casou-se, em 1634, com Esperanza Mendoza, uma viúva que foi do agrado da mulher de Olivares, e de quem se separou pouco tempo depois.

   Problemas de corrupção no ambiente do Conde-Duque provocaram que este começara a desconfiar de Quevedo e, em 1639, sob obscuras acusações, foi preso no convento de San Marcos, onde permaneceu em uma cela minúscula até 1643, quando foi libertado e, com uma saúde precária, renunciou à Corte e, finalmente, retirou-se à Torre de Juan Abad.

   Devido à sua doença e falta de médico na Torre de Juan Abad, Quevedo mudou-se para o convento dos padres dominicanos de Villanueva de los Infantes, Ciudad Real, onde morreu em 8 de setembro de 1645.

    Fisicamente mancava ligeiramente por ter uma pequena deformação nos pés e tinha uma exagerada miopia que o obrigou a usar óculos. Levou uma vida de solteirão um pouco desorganizada: fumava muito, freqüentava bares e bordéis e ambientes marginais. Quevedo era um homem desiludido com as mulheres e misógino e, às vezes se referia a elas de maneira depreciativa.

 

 

OBRA

   Sua obra literária é imensa e contraditoria. Escreveu as páginas satíricas mais brilhantes e populares da literatuira espanhola, mas também uma obra lírica de grande altura e uns textos morais e políticos de grande profundidade intelectual, o que fez dele o principal representante do barroco espanhol.

   A poesia de Quevedo, que consiste em cerca de 875 poemas, apresenta exemplos de quase todos os subgêneros do seu tempo: satírico, amoroso, moral, heróico, descritivo, religioso e funerário. Aproximadamente 40% dos textos são satíricos, o que o tornou com fama de crítico severo e mordaz.

   Quevedo criticou sarcasticamente o léxico culto em vários escritos. Em sua poesia de amor utiliza hipérbatos e cultismos e se aproxima do seu inimigo Góngora em mais de uma ocasião. O que predomina em Quevedo é a linguagem poética, com toda a complexidade de conceitos mentais e verbais levada ao extremo de toda habilidade e experimentação com a linguagem. Trata-se do máximo representante do “Conceptismo”.

   Os métodos conceptistas mais utilizados são as comparações, as alegorias, as metáforas, os trocadilhos e a antítese.

"A una nariz"
 
 Érase un hombre a una nariz pegado, 
 érase una nariz superlativa, 
 érase una nariz sayón y escriba, 
 érase un peje espada muy barbado. 
 
 Era un reloj de sol mal encarado, 
 érase una alquitara pensativa, 
 érase un elefante boca arriba, 
 era Ovidio Nasón más narizado. 
 
 Érase un espolón de una galera, 
 érase una pirámide de Egipto, 
 las doce Tribus de narices era. 
 Érase un naricísimo infinito, 
 muchísimo nariz, nariz tan fiera 
 que en la cara de Anás fuera delito. 

   

   Seus melhores poemas mostram decepção e melancolia contra o tempo e a morte, pontos centrais de sua reflexão poética sobre o amor. Sua poesia foi um grande sucesso na vida do autor e publicada postumamente em dois volumes: “El Parnaso Español “(1648) y “Las Tres Musas Últimas Castellanas” (1670).

"Amor constante más allá de la muerte"

Cerrar podrá mis ojos la postrera
sombra que me llevare el blanco día,
y podrá desatar esta alma mía
hora a su afán ansioso lisonjera;
 
mas no, de esotra parte en la ribera,
dejará la memoria en donde ardía:
nadar sabe mi llama la agua fría
y perder el respeto a ley severa.
 
Alma a quien todo un dios prisión ha sido, 
venas que humor a tanto fuego han dado, 
médulas que han gloriosamente ardido,
 
su cuerpo dejará, no su cuidado,
serán ceniza, más tendrá sentido,
polvo serán, mas polvo enamorado.
 
 
   A obra em prosa de Quevedo também é complexa e variada como a poesia, e basicamente crítica com a corrupção social da época. Escreveu tratados políticos, filosóficos, morais e religiosos e também alguns textos teatrales ("entremeses").

   

   Obras principais em prosa:

  •         Mundo caduco y desvaríos de la edad (1621)
  •         Grandes anales de quince días (1621)
  •         Los Sueños (1623)
  •         La culta latiniparla (1624)
  •         Cartas del Caballero de la Tenaza (1625)
  •         Política de Dios, gobierno de Cristo y tiranía de Satanás (1626)
  •         Cuento de Cuentos (1626)
  •         El Buscón o Historia de la vida de un buscón llamado don Pablos (1626)
  •         Memorial por el patronato de Santiago (1627)
  •         Lince de Italia y zahorí español (1627)
  •         El chitón de Tarabillas (1630)
  •         La aguja de navegar cultos con la receta para hacer soledades en un día (1631)
  •         La Perinola (1633)
  •         Execración contra los judíos (1633)
  •         La cuna y la sepultura para el conocimiento propio y desengaño de las cosas ajenas (1634)
  •         Breve compendio de los servicios de Francisco Gómez de Sandoval, Duque de Lerma (1636)
  •         De los remedios de cualquier fortuna (1638)
  •         Providencia de Dios (1641)
  •         La vida de Marco Bruto (1644)
  •         La vida de San Pablo (1644)

 

FRASES CÉLEBRES

  • "Donde hay poca justicia es un peligro tener razón"
  • "Todos deseamos llegar a viejos; y todos negamos que hemos llegado"
  • "El rico come; el pobre se alimenta"
  • "La envidia va tan flaca y amarilla porque muerde y no come"
  • "Los que de corazón se quieren solo con el corazón se hablan"

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